É impossível pensar no conceito de infância sem se remeter
automaticamente ao verbo “brincar”, pois é evidente que,
através da brincadeira, a criança se expõe a diversas
experiências e internaliza as regras sociais, proporcionando
até mesmo a sua formação moral e como cidadão.
Num outro aspecto, o do desenvolvimento psicomotor,
considera-se que as brincadeiras, principalmente as que
envolvem as habilidades básicas de correr, saltar e dançar são
indispensáveis para que a criança vivencie seu corpo e se sinta
à vontade para atuar no mundo, formando e aperfeiçoando
o chamado “esquema corporal”.
A partir do conhecimento do corpo e de suas capacidades de
atuação é que se desenvolvem todos os conceitos importantes
para o desenvolvimento das habilidades escolares.
Através da brincadeira a criança ainda pode exercitar sua criatividade
e encontrar a forma de expressar suas dúvidas e questionamentos,
muitas vezes resolvendo seus conflitos através de atitudes
de faz-de-conta.
Na Psicoterapia Infantil, o brincar tem lugar de destaque como
uma forma eficaz e segura de a criança apresentar as questões
presentes no seu momento de vida. É através da ludicidade que se
encontram saídas para tais dificuldades, ensinando a criança a
discriminar situações reais semelhantes às vividas em sessão,
propondo que ela generalize as soluções, aplicando-as no seu dia-a-dia.
Não existe um tempo pré-determinado para que os pais reservem
para as brincadeiras. O importante é prestar atenção nos conteúdos
das brincadeiras, incentivando que os filhos estejam aprendendo
enquanto brincam. Outra vantagem de manter os olhos abertos às
brincadeiras das crianças é a possibilidade de verificar as reações
da criança a conflitos que porventura estejam acontecendo
na família, pois é na brincadeira que ela vai se expressar sem reservas.
É interessante que ela tenha acesso a diversos tipos de brinquedos,
para poder explorar todas as suas potencialidades de
desenvolvimento. Isso quer dizer que se pode lançar mão de artifícios
tais como videogames e jogos eletrônicos, mas sem esquecer
das bolas, cordas, elástico, rodas cantadas e os famosos jogos de tabuleiro.
Não há idade para parar de brincar, pois não há idade para parar
de criar e expressar seus sentimentos reservados.
A criança que brinca consegue se exprimir melhor e tem mais
qualidade de vida e de pensamento. Além disso, tem a possibilidade
de treinar antes de agir, tornando-se uma pessoa mais ponderada
e segura de suas decisões e atos.
Christianne R.S. Oliveira, psicóloga escolar e psicoterapeuta comportamental
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